Simples Nacional no Contexto da Reforma Tributária

Leonel Monteiro • 16 de janeiro de 2025

A recente reforma tributária tem gerado discussões intensas sobre seus impactos, inclusive para as empresas enquadradas no Simples Nacional.


Embora o regime simplificado não tenha sofrido alterações diretas, os reflexos indiretos podem ser significativos.


Vamos explorar o que muda e o que permanece igual, destacando os principais pontos de atenção para contadores e empresários.


O que não muda no Simples Nacional?


De acordo com o Projeto de Lei Complementar 68/2024, as empresas no Simples Nacional manterão as mesmas regras já estabelecidas para este regime. Isso significa que:


  • Não há alteração nas faixas de receita bruta anual.
  • As alíquotas continuam proporcionais às faixas de faturamento.
  • A metodologia de recolhimento unificado dos tributos permanece a mesma.


Essa estabilidade, à primeira vista, é positiva para os pequenos e médios empreendedores.


Contudo, é importante observar os impactos indiretos gerados pelas mudanças nos regimes regulares do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).


Impactos indiretos para o Simples Nacional


Embora o Simples Nacional não tenha sofrido modificações diretas, as novas regras tributárias podem alterar a competitividade das empresas que utilizam este regime. Entre os pontos mais críticos estão:


  • Créditos tributários limitados para clientes do Simples Nacional: Empresas que compram de fornecedores do Simples Nacional só poderão aproveitar créditos tributários na proporção do imposto pago por esses fornecedores. Isso pode reduzir a atratividade das empresas do Simples em relação àquelas enquadradas nos regimes regulares, que oferecem créditos maiores.


  • Exemplo: Uma transportadora no Simples Nacional oferece um serviço por R$ 100.000, com uma alíquota efetiva de 0,94%, gerando um crédito de apenas R$ 940 para o cliente. Por outro lado, uma transportadora em regime regular pode oferecer o mesmo serviço com crédito de até R$ 26.500, dependendo da alíquota aplicada. Essa diferença impacta diretamente na decisão de compra do cliente.


  • Necessidade de adimplência: Empresas no Simples Nacional deverão estar rigorosamente em dia com suas obrigações fiscais. Caso contrário, seus clientes podem perder o direito de se acreditar dos tributos pagos, tornando essas empresas menos competitivas.


  • Maior pressão por competitividade: Para compensar a limitação dos créditos tributários, as empresas do Simples Nacional terão que ajustar seus preços ou melhorar a eficiência operacional. Isso pode ser um desafio significativo, especialmente para pequenos negócios com recursos limitados.


Desafios estruturais para migração ao regime regular


O PLP 68/2024 também permite que empresas do Simples Nacional optem pelo regime regular do IBS e CBS. No entanto, essa transição exige investimentos consideráveis em tecnologia, processos e capacitação.


Principais desafios:


  • Necessidade de sistemas integrados para gestão de estoques, financeiro e contabilidade.
  • Cumprimento de obrigações acessórias mais complexas, como declarações pré-preenchidas.
  • Exigência de fluxo de caixa robusto para lidar com maior carga operacional.


O papel dos contadores


Contadores desempenham um papel essencial nesse cenário de transição. Cabe a eles:


  • Realizar diagnósticos detalhados das empresas no Simples Nacional.
  • Identificar impactos específicos da reforma tributária em cada cliente.
  • Propor estratégias para manter a competitividade das empresas.


Benefícios mantidos para regiões incentivadas


Empresas do Simples Nacional localizadas na Zona Franca de Manaus e áreas de livre comércio continuam a contar com incentivos fiscais específicos, como crédito presumido em importações. Além disso, empresas de outras regiões que vendem para essas áreas não serão tributadas pelo IBS e CBS, fortalecendo as relações comerciais.


Conclusão


Embora o Simples Nacional não tenha sido alterado diretamente pela reforma tributária, os reflexos indiretos exigem atenção redobrada de contadores e empreendedores.


A adoção de estratégias de planejamento tributário e melhorias operacionais será essencial para que as empresas no Simples mantenham sua competitividade no novo cenário fiscal.


Mesmo sem alterações diretas, o Simples Nacional pode enfrentar desafios significativos devido à reforma tributária.

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